queria sair
dali. queria leva-lo embora.
fui só.
estou só.
não
completamente só, afinal, estou comigo.
com vinho.
livros, filmes e computador. e papel e caneta. um moleskine.
mentira.
estou escrevendo diretamente no computador.
estou com
preguiça demais de viver e de pensar aonde isso pode chegar pra escrever num
moleskine, que é pequeno e requer esforço para ficar bom.
mentira de
novo. o meu moleskine nunca fica bom. não me esforço tanto assim pra escrever
direito dentro de suas pequenas folhas.
e não gosto
do grande. nem do médio. nem do muito pequeno. só do pequeno. e só.
queria
explicar. dizer algo significativo.
meu tom anda
grave. minha voz rouca. meu pensamento seco.
saí de lá.
queria leva-lo comigo.
estou só.
não completamente só. comigo. vinho. fotografias, música e computador.
e o celular,
ao lado, esperando um assobio.
não sei
assobiar.
queria
dormir. ou pelo menos ter sono. ou cochilar.
sentir seu
corpo encostado ao meu. queria leva-lo comigo.
só. sem
corpo, nem calor. com calor, na verdade, mas do tempo. que está úmido e quente.
ruím de
dormir junto.
já estou
cansando de escrever. e não sei mais o que colocar nesse papel.
queria que
isso fosse uma introdução. queria leva-lo comigo.
Barbara Moro
16/02/2013,
São Paulo
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