segunda-feira, 14 de abril de 2014

naquele momento,
já havia um
certo apego
àquele muro.

talvez pelo reflexo de uma
- agora bonita só por que vazia -
cidade.

ou pelas sombras de...
redemoinhos d´água
(sacis).

mas assim,
dependuradeitada
ancoro o sol em meu peito.
que se ascende.
e ele insiste em falar de meus olhos
(normalmente logo após fugir deles):
- desvio por que me distraio. ou não,
desvio por que um deles me olha vertiginoso, e o outro,
caótico.
(e a sensação de que as paredes quentes do sanitário da casa de velório é que sugavam àquelas vidas, talvez um pouco da minha)
tormenta
ancorada
em cais
sem chão.

o movimento
suave
da embarcação
me carrega
além-terra....

doce mar
nebuloso,
de azul escuro
e verde
fulguroso,
te encontro

fundo.
solte o corpo,
e se não boiar,
não faça movimentos bruscos.
apenas afunde.

seu corpo
vai aprender
sobre inércia,
sobre perder o controle,
sobre carregar a caixa torácica
de ar.
(e ainda afundar)

prende a respiração
feche os olhos
grude um lábio seco ao outro
e levante as pernas até deitar-se
sobre a água.
então boie.
boie até acabar o ar do tórax,
até perder o eixo da coluna,
até o pé pesar mais que o chão.
não tem mais nada sob controle.
perca tudo.

já pode seguir a corrente.
pescada de iemanjá
- sou peixe pequeno
(coube dentro desse mar)
olho pra frente
(de sobrancelha erguida
e testa franzida).
(com medo).
pra frente.
posiciono os pés
abro as pernas
- calcanhar firme,
tensiono a coxa
com uma força...
bruta
que me alavanca.

em baixo
nada.
em baixo
ar
nuvem
céu
(ausência de chão).

o sopro gelado entre
estômago
espinha,
enrolam
a amídala.

e corro.
[esperneando em alto
ar]